Práticas de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) no Comércio Exterior

Tempo de leitura: 7 minutos
ESG comércio exterior

As práticas de ESG promovem competitividade, resiliência e sucesso a longo prazo das empresas, especialmente em setores altamente complexos e interconectados como o de Comércio Exterior. Entenda.

Responsabilidade sócio-ambiental é um tema que se torna cada vez mais relevante no comércio exterior, principalmente à medida que as questões de Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) ganham destaque em todo o mundo. 

A ESG no comércio exterior é o conjunto de critérios que avaliam práticas e desempenho de empresas em relação ao desenvolvimento sustentável, à responsabilidade corporativa e à governança. Esse conceito envolve a integração de práticas sustentáveis nas operações comerciais internacionais, influenciando a forma como as empresas conduzem seus negócios.

A integração de práticas ESG pode impactar diversos aspectos das operações internacionais. Nesse blogpost você vai acompanhar o impacto das novas regulamentações ambientais no comércio global e como empresas brasileiras podem se adequar a essas exigências para garantir sua competitividade e presença nos principais mercados do mundo.

ESG no Comércio Exterior

Com a crescente preocupação em relação às mudanças climáticas e à responsabilidade corporativa, a ESG no comércio exterior tem ganhado destaque em diversas áreas da economia global, se tornando uma parte integrante da estratégia de negócios para muitas organizações. 

Investimentos sustentáveis ou responsáveis têm ganhado destaque entre investidores, consumidores e reguladores. Empresas com boas práticas em ESG tendem a ter melhor reputação e imagem de marca; redução de riscos financeiros e legais; maior atratividade para investidores; melhores resultados financeiros a longo prazo.

ESG – Práticas Ambientais

As práticas ambientais se referem à forma como uma empresa interage com o meio ambiente. Refletem tanto a preocupação das empresas com o impacto ambiental de suas cadeias de suprimento quanto a necessidade de adequação às legislações, bem como o reflexo do tema e das boas práticas dentro do universo corporativo. 

Incluem:

  • A escolha de fornecedores que adotem práticas sustentáveis
  • A redução da pegada de carbono durante o transporte de mercadorias
  • O consumo de energia e gestão de resíduos
  • O impacto da produção sobre a biodiversidade
  • O uso de recursos naturais

Países podem impor regulamentos ambientais que afetam a importação e exportação de produtos. Empresas que não atendem a esses critérios podem enfrentar sanções ou restrições.

ESG – Práticas Sociais

Atualmente, existe uma cobrança às grandes empresas para que elas adotem práticas que garantam condições de trabalho justas, tanto em sua operação direta, quanto na sua cadeia de suprimentos. Isso é particularmente importante em indústrias que dependem de mão de obra em países em desenvolvimento.

Os critérios sociais incluem:

  • Relações com funcionários, fornecedores e clientes
  • Boas condições de trabalho
  • Diversidade e inclusão
  • Impacto da empresa na comunidade local
  • Respeito aos direitos humanos

O comércio exterior e internacional podem impactar muito as comunidades locais. Por isso, as empresas devem considerar o efeito de suas operações no bem-estar social e econômico das áreas onde atuam.

ESG – Práticas de Governança

A governança se refere às práticas de administração e aos processos que garantem a integridade das empresas. Isso inclui práticas contábeis transparentes e a prevenção de corrupção. Empresas que operam no comércio exterior precisam demonstrar um compromisso com altos padrões de ética e compliance.

As práticas de governança dizem respeito à maneira como uma empresa é administrada e supervisionada. Seus critérios podem incluir:

  • Estrutura do conselho de administração
  • Transparência e ética nos negócios
  • Direitos dos acionistas
  • Políticas de remuneração e incentivos para executivos
  • Conformidade com regulamentos e leis

O comércio internacional é regulado por múltiplas jurisdições e normas. Ter um quadro de governança robusto ajuda as empresas a navegar pelas complexidades legais e regulamentares de operar em vários países.

Fortalecendo Práticas de ESG no Comércio Exterior

Implementar práticas de ESG no comércio exterior é um dos caminhos para acessar mercados onde consumidores, players e reguladores valorizam, estabelecem requisitos e indicadores, e monitoram a sustentabilidade e a responsabilidade social. A implementação de práticas ESG pode ajudar a mitigar riscos associados a crises ambientais, sociais e de governança que poderiam impactar a reputação e a operação da empresa. 

Investidores estão, cada vez mais, buscando empresas que demonstram comprometimento com práticas sustentáveis e responsabilidade social, o que pode abrir novas oportunidades de financiamento.

European Green Deal

European Green Deal é uma iniciativa da União Europeia que visa transformar a economia da Europa para se tornar mais sustentável e resiliência às mudanças climáticas. 

Este plano abrange uma ampla gama de políticas e ações, com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, promover a eficiência energética, proteger a biodiversidade e fomentar uma economia circular.

Principais Componentes do European Green Deal

A Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG) está intrinsecamente ligada ao European Green Deal. Suas diretrizes e regulamentações vão incentivar as empresas a adotarem práticas responsáveis em relação ao meio ambiente e à sociedade, como:

  • Neutralidade de Carbono até 2050: o objetivo central é que a Europa alcance a neutralidade em emissões de carbono até 2050, o que significa que as emissões de gases de efeito estufa devem ser equilibradas com a remoção de dióxido de carbono da atmosfera.
  • Redução de Emissões: a meta de redução das emissões de pelo menos 55% até 2030 em comparação com os níveis de 1990.
  • Energias Renováveis: aumentar a participação de energias renováveis na matriz energética e promover a eficiência energética.
  • Economia Circular: promover uma transição para uma economia onde os recursos são utilizados de forma mais sustentável, minimizando o desperdício e incentivando a reciclagem e a reutilização.
  • Proteção da Biodiversidade: formalizar ações que visem a proteção e restauração dos ecossistemas e da biodiversidade da Europa.
  • Mobilidade Sustentável: transição para sistemas de transporte mais limpos e inteligentes.
  • Agricultura Sustentável: apoiar práticas agrícolas sustentáveis para garantir a segurança alimentar e reduzir o impacto ambiental da agricultura

CBAM (Carbon Border Adjustment Mechanism)

O Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras (CBAM) está diretamente relacionado aos esforços da União Europeia para combater as mudanças climáticas e garantir práticas comerciais justas e sustentáveis. 

Essa regulamentação visa prevenir o vazamento de carbono e incentivar empresas internacionais a adotar padrões de produção ambientalmente responsáveis, por meio de:

  • Preço do Carbono nas Importações: O CBAM estabelece um custo para o carbono embutido em produtos importados, incentivando que as empresas reduzam suas emissões de gases de efeito estufa em linha com as normas europeias.
  • Setores-Alvo: A medida se aplicará inicialmente a setores de alta intensidade de carbono, como cimento, ferro e aço, alumínio, fertilizantes e eletricidade, com potencial expansão para outros produtos no futuro.
  • Implementação Gradual: Com início em 2026, o CBAM será implementado de forma gradual, permitindo que as empresas se adaptem às novas exigências regulatórias e adotem práticas de descarbonização.
  • Equidade Competitiva: O objetivo é nivelar as condições de concorrência para as empresas europeias e internacionais, evitando que a produção de alta emissão seja deslocada para regiões com regulamentações menos rigorosas.
  • Conformidade e Transparência: As empresas que exportam para a União Europeia precisarão monitorar suas emissões e fornecer dados transparentes, sendo sujeitas a inspeções e auditorias periódicas.

CSDDD (Corporate Sustainability Due Diligence Directive)

A Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa (CSDDD) está alinhada com os compromissos da União Europeia para promover práticas empresariais responsáveis e garantir que os direitos humanos e a sustentabilidade ambiental sejam respeitados ao longo das cadeias de valor globais. As principais diretrizes incluem:

  • Dever de Diligência Corporativa: A CSDDD exige que as empresas realizem uma análise cuidadosa para identificar, prevenir, mitigar e, quando necessário, reparar impactos adversos sobre os direitos humanos e o meio ambiente em suas operações, subsidiárias e cadeias de fornecimento.
  • Abrangência Internacional: A diretiva se aplica a grandes empresas europeias e não europeias com operações significativas no mercado da UE, obrigando fornecedores de fora da Europa, inclusive os brasileiros, a atenderem aos mesmos padrões de sustentabilidade.
  • Sanções e Responsabilidade: Em caso de não conformidade, as empresas estarão sujeitas a sanções, que podem incluir multas substanciais e restrições de acesso ao mercado europeu.
  • Transparência e Relatórios: As organizações deverão divulgar informações detalhadas sobre os riscos identificados, as medidas tomadas e os resultados alcançados, promovendo a transparência e a confiança dos investidores e consumidores.
  • Promoção de Práticas Sustentáveis: A diretiva busca incentivar empresas a integrarem práticas ESG em suas estratégias corporativas, fortalecendo a resiliência de suas operações e contribuindo para um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo.

Os Desafios de Implementar ESG no Comércio Exterior

As organizações brasileiras precisam repensar suas práticas de sustentabilidade, não apenas para atender aos requisitos regulatórios, mas também para integrá-las ao planejamento organizacional e fortalecer seu posicionamento em nível global. No entanto, adotar práticas ESG pode exigir investimentos iniciais significativos, o que cria desafios para pequenas e médias empresas em determinados segmentos de mercado.

Além disso, a falta de padrões globais uniformes para ESG pode gerar dificuldades  na avaliação e comparação de práticas entre diferentes mercados, se desdobrando em problemas na formação, validação e certificação das empresas. 

Desenvolvendo Operações Sustentáveis de ESG

Fortalecer operações sustentáveis sob a perspectiva de ESG  é fundamental para empresas que desejam se destacar no mercado atual e contribuir para um futuro mais sustentável. 

Aqui estão algumas estratégias para fortalecer essa abordagem:

  1. Diagnóstico da maturidade em sustentabilidade: Avalie o nível atual das práticas de sustentabilidade na empresa, identificando pontos fortes e áreas de melhoria para orientar as prioridades.
  2. Análise de dupla materialidade: Identifique os temas ESG mais relevantes, considerando tanto os impactos da empresa quanto os efeitos das questões ambientais e sociais sobre o negócio, para alinhar prioridades com as expectativas dos stakeholders.
  3. Mapeamento e cultura em gestão de dados: Mapeie os dados ESG necessários e promova uma cultura de gestão de dados para garantir que sejam utilizados de forma eficiente na tomada de decisões e na comunicação de resultados.
  4. Definição de objetivos e metas: determine objetivos claros e mensuráveis que alinhem a estratégia empresarial com práticas sustentáveis, por exemplo: redução de emissões, eficiência energética e práticas éticas de suprimentos.
  5. Utilização indicadores de desempenho (KPIs): acompanhe o progresso em relação às metas estabelecidas. Use dados!
  6. Comunicação e Engajamento: realize consultas com funcionários, clientes, fornecedores e a comunidade para entender suas preocupações e expectativas. Deixa claro para o time quais são os objetivos e metas.
  7. Fomento à co-participação: incentive a participação dos stakeholders nas decisões relacionadas à ESG.
  8. Desenvolvimento de uma Cultura Organizacional Sustentável: eduque os funcionários sobre a importância da sustentabilidade e como suas atividades podem impactar as operações.
  9. Incentivo a práticas sustentáveis: crie programas que recompensem comportamentos que contribuam para os objetivos de ESG.
  10. Transparência: publique relatórios de sustentabilidade que incluem dados sobre impactos ambientais, sociais e de governança ajuda
  11. Digitalização das operações ESG: adote tecnologias digitais que melhorem sua eficiência, aumentem a transparência e fortaleçam sua reputação no mercado, contribuindo para um futuro mais sustentável e responsável.

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A adoção de princípios ESG no comércio exterior é uma tendência global que reflete a crescente demanda por operações comerciais mais responsáveis e sustentáveis. Empresas que incorporam essas práticas não apenas atendem às expectativas regulatórias e sociais, mas também se posicionam de forma mais competitiva em um mercado em constante mudança.

Além do European Green Deal, regulamentações globais como, por exemplo, o Acordo de Paris, o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), a Corporate Sustainability Due Diligence Directive (CSDDD) na Cadeia de Suprimentos indicam uma convergência internacional em direção a políticas mais rigorosas de sustentabilidade. No Brasil, a Resolução 193 da CVM reforça a importância da divulgação de informações ESG nas demonstrações financeiras, sinalizando o compromisso do país com a sustentabilidade.

Essa tendência global mostra que integrar os critérios ESG não é mais uma opção, mas uma necessidade estratégica. Empresas que acompanham de perto as mudanças regulatórias e analisam proativamente os cenários e riscos associados às transformações têm uma vantagem competitiva para prosperar em um futuro onde sustentabilidade e responsabilidade social são essenciais para a longevidade e o sucesso no mercado.

Portanto, considerar os critérios ESG no comércio exterior é fundamental para construir uma estratégia sustentável de longo prazo. O futuro sustentável começa agora!

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