O fluxo de comércio entre Brasil e China atingiu um marco histórico de mais de US $100 bilhões. Saiba mais sobre as relações políticas e comerciais entre os dois países, e o que esperar para 2021.
A pandemia de Novo Coronavírus foi o grande marco do ano de 2020. Quando o vírus começou a impactar diretamente o Brasil, os cenários político, social e econômico se tornaram nebulosos. Não foi possível impedir que esses impactos reduzissem as atividades de exportação e importação brasileiras. Entretanto, o comércio entre Brasil e China, mesmo em meio a uma crise de saúde mundial e tensões políticas, encontrou solo fértil para crescer a atingir um marco histórico.
Ao fazer uma análise do ano de 2020 observando a relação sino-brasileira, é possível destacar o enorme espaço e poder da China no mercado internacional atualmente. Além disso, é possível compreender o desempenho do Brasil nesse mercado e, principalmente, seus desafios frente ao ano de 2021.
Confira a seguir mais informações sobre a alta histórica no comércio entre Brasil e China, uma visão geral da balança comercial do Brasil em 2020 e as previsões para 2021.
China se fortaleceu no Comércio Exterior em 2020
O fluxo de comércio exterior da China, que compreende a soma do valor total das exportações e importações, atingiu US$ 4,44 trilhões no período entre de janeiro e novembro de 2020. Os números são realmente impactantes, segundo artigo da Comex do Brasil sobre a forte alta na corrente de comércio exterior da China.
A título de comparação, vale citar que o Brasil, neste mesmo período, atingiu o valor de US$ 332.195 bilhões. Isso quer dizer que o fluxo brasileiro representa 13% do fluxo chinês.
Comércio entre Brasil e China teve alta inédita em 2020
Relações políticas entre Brasil e China
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fazia provocações à China desde sua pré-candidatura em 2018. Matéria da BBC sobre tensões e negócios entre Brasil e China aponta:
“o governo Bolsonaro começou [em 2019] com muitas incertezas sobre a postura em relação à China. (…) Passado um momento inicial de apreensão, contudo, veio uma relativa “calmaria”(…) O ano virou [2020], entretanto, e dois eventos fizeram com que o caldo entornasse novamente.
Com as eleições americanas no horizonte e o alinhamento do Brasil à política externa dos Estados Unidos, diz Caramuru, o presidente e a diplomacia brasileira voltaram a usar uma retórica agressiva contra a China — intensificada com a eclosão da pandemia de Covid-19.
(…) Apesar da relação desarmônica, China e Brasil continuaram fazendo negócios nesses últimos dois anos”.
Comércio entre Brasil e China fez história
Matéria do Comex do Brasil sobre o superávit na balança comercial alcançado pelo Brasil em 2020 informa que essa métrica foi maior em 2020 se comparada ao ano anterior. Entretanto, o país exportou 5,9% menos que em 2019, por conta da redução do consumo mundial provocada pela pandemia de Novo Coronavírus. Além disso, passou a comprar menos do exterior graças a alta de quase 30% do dólar no ano passado.
A boa notícia é que, mesmo dentro desse cenário, o comércio entre Brasil e China, de maneira inédita, alcançou os US$ 100 bilhões. “Foram exatamente US$ 101.728 bilhões comercializados pelos dois países”. Esse valor, que consiste na soma das exportações e importações, reforça o posicionamento da China como principal parceiro comercial do Brasil. O Brasil teve um superávit de US$ 33.645 bilhões, o que corresponde a por volta de 65% do total acumulado.
“Os números do comércio exterior sino-brasileiro são verdadeiramente impressionantes e é de se destacar o fato de que a China foi o principal destino de pelo menos quatro dos principais produtos exportados pelo Brasil no período.”
Veja os valores para o top 3 dos bens exportados para a China:
- Soja: US$ 20,9 bilhões (31%)
- Minério de ferro:US$ 18,5 bilhões (27%)
- Petróleo: US$ 11,3 bilhões (17%).
Balança Comercial do Brasil para 2021 é promissora
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. Para 2021, a previsão para 2021 a previsão é:
- Exportações: US$ 221 bilhões, com alta de 5,3% em relação a 2020
- Importações: US$ 168,9 bilhões, com alta de 5,8% em relação a 2020
- Corrente de comércio: US$ 389.2 bilhões, com uma alta de 5,5% em relação a 2020
- Superávit: US$ 53 bilhões
A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) também fez projeções para 2021 e julgou que a balança comercial brasileira de 2021 poderá alcançar superávit de US$ 69.018 bilhões, com uma alta de 33% comparativamente ao previsto para 2020.
Matéria da Veja sobre a relação entre Brasil e China aponta que as commodities continuam sendo o carro chefe da balança comercial do país, principalmente a soja. Isso é fato mesmo em momentos de crise e ainda levando em consideração que elas possuem menor valor agregado em comparação com produtos industrializados.
A soja, minério de ferro e petróleo não são apenas as commodities de maior interesse da China, mas também representam, juntos, a grande maioria das exportações totais brasileiras. A Soja, por exemplo, lidera as exportações pelo sétimo ano consecutivo. As três commodities juntas estão previstas para comporem mais de 40% das exportações totais brasileiras em 2021.
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, comenta que as commodities estão tendo cotações atrativas para os exportadores brasileiros. Porém, independente disso, “a competitividade das exportações de manufaturados será impactada na América do Sul, devido aos problemas políticos e/ou econômicos enfrentados pelos países da região”.
Comércio entre Brasil e China em 2021 dependerá de alguns fatores
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, destaca os seguintes questionamentos:
- Qual impacto o atraso na vacinação da Covid-19 terá para o Brasil?
- Quais serão os efeitos da posse de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos?
- Como ficará a guerra comercial Estados Unidos e China?
- Como se comportarão as commodities no “novo normal” e quais serão os seus impactos na balança comercial brasileira?
No que diz respeito à China, Matéria da BBC sobre tensões e negócios entre Brasil e China destaca:
“Em um cenário em que os investimentos externos do país (China) passam a ser mais seletivos, uma eventual indisposição com o Brasil pode levá-los a dar preferência a outros mercados.
Pelas próprias dimensões do comércio entre os dois países, um esvaziamento brusco nas relações com o Brasil é improvável. (…) Apesar da escalada de tensão (…) o que tem prevalecido é o conhecido pragmatismo chinês, que dá preferência aos interesses econômicos”.
É importante continuar acompanhando os desdobramentos das relações comerciais e políticas entre Brasil, China e EUA para visualizar um cenário mais sólido para o Comércio Exterior brasileiro em 2021.
Você se informou sobre como se deu o comércio entre Brasil e China em 2020 e o que observar para prosperar em 2021. Continue acompanhando os conteúdos do Grupo Serpa, mantenha-se informado e conte com nossos serviços para realizar negócios com a China com segurança.