Exportação de grãos: disputa comercial entre EUA e China pode beneficiar empresas brasileiras

2019-11-27T19:02:36-03:0027 de novembro de 2019|Artigos sobre Exportação|
Tempo de leitura: 6 minutos

Relatório de projeções do MAPA apontou que a exportação de grãos deve crescer 40% nos próximos 10 anos. Saiba mais e entenda os possíveis impactos positivos da disputa comercial entre EUA e China.

De acordo com as Projeções do Agronegócio publicadas pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), 2019 promete ser um ano que vai fechar com ótimos resultados para a produção agrícola. Além disso, a publicação ainda estimou que a exportação de grãos deve crescer 40% na próxima década.

Estes são apenas alguns dos indicativos que demonstram como a agropecuária é bem desenvolvida no Brasil e, principalmente, que é um negócio lucrativo. Agora, com as expectativas de aumento significativo nas exportações, passa a ser essencial considerar o ingresso no mercado internacional.

Confira a seguir algumas vantagens de se inserir no mercado internacional. Veja como seu negócio pode potencializar ganhos aproveitando o contexto positivo previsto para o futuro.

Os dados demonstram aumento na produtividade

As Projeções do Agronegócio publicadas pelo MAPA apontaram que, ainda que os resultados definitivos da safra do ano ainda não tenham sido mensurados, já foi possível estimar que tanto a produção quanto o faturamento do setor agropecuário serão positivos.

“(…) os resultados obtidos até então indicam a segunda maior safra de grãos do país, estimada pela CONAB em 236,7 milhões de toneladas (dados maio 2019). O valor bruto da produção ( VBP ) tomado como indicador de faturamento, é de R$ 600,9 bilhões, abaixo apenas do obtido em 2017, que foi de R$ 604,2 bilhões. O valor estimado para este ano é o segundo maior numa série iniciada em 1989”.

A CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) pesquisa, mensalmente, produtos em grão e faz os levantamentos de safra. As projeções realizadas se referem a 15 grãos diferentes. As estimativas abrangem os anos entre 2018/19 e 2028/29. Ao fim deste período, estima-se que a safra de grãos vai consistir em por volta de 300,1 milhões de toneladas. Tal safra corresponde a um acréscimo de 26,8% sobre a atual safra que está estimada em 236,7 milhões de toneladas. 

A publicação do MAPA também aponta que a alta produtividade será o principal fator impulsionador que permitirá o crescimento da produção de grãos nos próximos 10 anos:

“Isto poderá ser observado ao confrontar os dados de projeções de produção e área plantada – produção 26,8% e área, 15,3 %. Foram feitas projeções dos índices de produtividade total dos fatores (PTF), e verificou-se que a taxa média de crescimento para o próximo decênio deve ficar pouco abaixo à que o Brasil tem crescido, 2,93%, enquanto a média do período 1975- 2017 foi de 3,08 % ao ano”. 

O MAPA também listou algumas tendências relacionadas aos dados de produtividade:

  • redução de mão de obra ocupada; 
  • redução da área plantada devido aos ganhos de produtividade da terra; 
  • aumento do uso de capital.

A exportação de grãos deve crescer 40% na próxima década

A projeção de aumento da exportação de grãos chamou a atenção e foi pauta no portal de notícias do MAPA e em diversos outros portais digitais. A matéria do MAPA comenta que “as projeções de exportação para os próximos dez anos apontam o embarque de 138 milhões de toneladas de grãos, com acréscimo de 39 milhões de toneladas em relação a 2019, o que corresponde a 40% de incremento”. 

Confira alguns dados e informações sobre a projeção de produção de alguns dos principais grãos exportados pelo Brasil, retirados da publicação do MAPA. Veja também quais foram as análises apresentadas no material de Projeções do Agronegócio em relação a exportações futuras.

Arroz 

Projeção de produção:

  • 2018/9: 10,6 milhões de toneladas;
  • 2028/9: 10,6 milhões de toneladas.

Como visto, não há aumento expressivo na projeção de produção do arroz. Porém, o material de Projeções do Agronegócio informa que, segundo técnicos da Embrapa, as produções de arroz podem aumentar de forma mais significativa se o Brasil conseguir inserir este produto com mais expressividade no mercado internacional já que, “atualmente apenas 8% da produção global é exportada”.

Feijão

Projeção de produção:

  • 2018/9: 3,1 milhões de toneladas;
  • 2028/9: sem previsão de crescimento.

O documento do MAPA informou que “não há previsão de crescimento de sua produção nos próximos anos”. Porém, Técnicos da Embrapa afirmaram que os números da projeção de produção indicam estabilidade. 

Além disso, o documento ressalta que as diversas espécies de feijão, que podem ser incluídas na exportação de grãos, representam uma oportunidade de aumento na produção. Se o Brasil conseguir se inserir no mercado e exportá-las, isso acarretaria na necessidade de ajustar a projeção para cima. As chances desse aumento acontecer, de fato, podem ser potencializadas pelo Plano Nacional para o Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Feijão e Pulses, lançado em 2018.

Milho

Projeção de produção:

  • 2018/9: 95,3 milhões de toneladas;
  • 2028/9: 114,5 milhões de toneladas, podendo chegar a 140,1 milhões de toneladas.

O estudo “Projeções do Agronegócio” ressaltou que “houve nos últimos 10 anos uma mudança impressionante em relação à área de milho”. Além disso, apontou que a exportação de grãos de milho “devem passar de 31,0 milhões de toneladas em 2019 para 41,4 milhões de toneladas em 2028/29, podendo chegar a 60,7 milhões de toneladas”. Como o consumo interno de milho, em 2018/9 representa 65% da produção, os técnicos da área estimam que a produção pode aumentar até mesmo mais do que o projetado para atender tanto ao mercado interno quanto ao externo. 

Trigo

Projeção de produção:

  • 2018/9: 5,5 milhões de toneladas;
  • 2028/9: 7,2 milhões de toneladas.

De acordo com o documento do MAPA, o abastecimento interno vai exigir que o Brasil continue sendo um dos maiores importadores mundiais de trigo, mesmo com o aumento da produção. O documento não aponta dados relacionados à exportação de grãos de trigo.

Soja em grão

Projeção de produção:

  • 2018/9: 114,3 milhões de toneladas;
  • 2028/9: 151,9 milhões de toneladas.

O material de Projeções do Agronegócio mostrou que a exportação de grãos de soja “projetadas para 2028/29 são de 96,4 milhões de toneladas”. As projeções de exportação são próximas às do USDA (United States Department of Agriculture), divulgadas em fevereiro de 2019, que estimou 96,1 milhões toneladas para soja em grão, no final da próxima década. 

Café:

Projeção de produção:

  • 2018/9: 51 milhões de sacas;
  • 2028/9: 61 milhões de sacas.

As exportações em 2028/9 estão projetadas para 41,0 milhões de sacas um aumento de 6,0 milhões de sacas em relação a 2019. 

A disputa comercial entre EUA e China pode beneficiar exportadores brasileiros

Segundo um artigo da Infomoney sobre a elevação da projeção de exportação de grãos, o presidente estadunidense, Donald Trump, “ameaçou impor tarifas adicionais sobre $300 bilhões em produtos chineses” e, desde então, a China, a maior importadora de soja do mundo, suspendeu suas importações de produtos agrícolas.

O material “Projeções do Agronegócio” do governo brasileiro citou o tema apontando que “há um certo grau de incerteza no mercado internacional devido ao conflito entre Estados Unidos e China, devido à imposição de tarifas de importação por parte de ambos os países”. 

O documento não apresentou uma conclusão sobre os impactos desse desentendimento. Porém, o artigo da Infomoney reforça que o acirramento comercial entre as potências pode favorecer as exportação de grãos brasileira. 

Uma matéria do G1 sobre a soja brasileira na guerra comercial entre EUA e China apontou que as exportações brasileiras para a China cresceram 35% em 2018 (quando a disputa se iniciou) em comparação com o ano anterior. Com isso, o Brasil faturou US$ 30 bilhões. “A soja foi a maior beneficiada, com uma exportação adicional de US$ 7 bilhões para a China, na comparação com 2017”.

No primeiro semestre de 2019, a exportação de soja caiu 20% em comparação com o mesmo período de 2018, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Porém, esse fato ocorreu graças à influências da gripe suína que atingiu a África e, agora, a China. O grão compunha a ração dos suínos e, em razão da doença, essa demanda foi reduzida. 

Porém, a matéria citada informa que, “apesar de ter vendido menos que em 2018, o Brasil continua a ser o principal parceiro comercial da China na venda de soja. E o baque da perda de protagonismo não está sendo fácil de absorver nos Estados Unidos”. Agora, o Brasil ocupa o lugar de maior exportador de soja do mundo, à frente, inclusive, dos EUA.

Agora que você conferiu esses dados estimados para a produção e exportação de grãos do Brasil para o exterior, vale a pena se informar mais a fundo sobre tudo que envolve o processo de exportação. O governo brasileiro, inclusive possui diversos mecanismos de apoio para este fim. Conheça quais são os impostos e incentivos fiscais para exportação!

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