A escolha da embalagem para exportação é o que vai permitir a conservação das mercadorias de ponta a ponta. Conheça as categorias de embalagem e os riscos mais comuns no transporte internacional de cargas.
Está se informando sobre as etapas práticas da operação de transporte internacional de cargas? Entender sobre embalagem própria para exportação é um ponto crucial para ter sucesso nas relações comerciais com o exterior. Afinal, as embalagens impactam em aspectos de marketing, nos custos de operação, na otimização do despacho aduaneiro e, principalmente, na integridade das mercadorias exportadas, assim como sua conformidade com as regras.
Existem algumas informações que são essenciais para começar a se informar e dominar o tema da embalagem para exportação. Neste artigo, vamos abordar, principalmente, os aspectos que explicitam a sua importância, explicando-os e exemplificando-os. Além disso, vamos apontar as principais normas a se saber sobre o tema.
Confira!
Por que existe uma embalagem própria para exportação?
Um material oficial da Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em parceria com o Instituto de Embalagens, publicado em 2015, aborda o tema das embalagens para exportação. O conteúdo aponta critérios para desenvolvimento de embalagens, novas tecnologias, transporte e armazenamento, novos materiais e estudo das culturas de consumo nos mercados internacionais.
De acordo com essa publicação, o sucesso da operação de exportação depende, em grande parte, da escolha correta das embalagens. Elas acomodam os produtos de ponta a ponta. Ou seja, é o fator físico que garante a sua preservação até a chegada no destino, protegendo as mercadorias das condições adversas a serem enfrentadas no transporte. Até por esse motivo, as embalagens para exportação existem em diversas categorias, sendo que todas elas visam oferecer mais proteção e resistência para que o produto chegue o mais preservado possível ao destino.
As embalagens para exportação também têm importância na identificação de mercadorias, inclusive para o processo de desembaraço nas aduanas. Por esse motivo, devem estar de acordo com as regras e legislação, tanto do país de origem quanto do país de destino. É exigido, por exemplo, pelo MDIC (Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços) que as embalagens sejam identificadas como produção da Indústria Brasileira (Made in Brazil). Entretanto, não é permitido utilizar a bandeira nacional ou o selo da República nos produtos.
Fora isso, em muitos casos, quando os produtos são exportados e destinados diretamente para as prateleiras de varejo no exterior, a embalagem precisa estar corretamente preparada para esse contexto. É um fator que gera uma série de ajustes a serem feitos na embalagem primária, a começar, por exemplo, pela língua utilizada em seu texto. Afinal, ela deve oferecer tanto informações de marketing (como marca e slogan) quanto exigências nutricionais, informações sobre componentes, assim como outros itens definidos pela legislação.
Fica claro, então, que a embalagem para exportação se diferencia da embalagem para o mercado interno por alguns motivos. Aprofunde-se neles a seguir.
Qual a importância de utilizar a embalagem correta na exportação?
1. Permitir o transporte
A operação de transporte de mercadorias pode acontecer por meio de uma diversidade de modais, podendo, inclusive, envolver mais de um deles:
- aéreo;
- fluvial;
- terrestre.
O transporte internacional de cargas acontece por longas distâncias e longos períodos de tempo. Por isso, é indispensável selecionar a embalagem adequada para exportação, o que significa atentar-se às condições a que a mercadoria será submetida a depender do(s) modal(s) selecionado(s).
O material da Apex em parceria com o Instituto de Embalagens aponta que, normalmente, por exemplo, no caso de bebidas e alimentos, o transporte marítimo é o mais utilizado. Entretanto, é necessário que a carga percorra um trajeto via modal terrestre, em rodovias. Ao chegar no porto, a embalagem para exportação é manuseada no momento da armazenagem e estufagem de contêineres. Pode inclusive, precisar resistir a meios de contenção nesse processo.
2. Garantir preservação
Ao longo das etapas do transporte de ponta a ponta, podem ocorrer:
- choques;
- vibrações;
- variações climáticas;
- mudança de temperatura;
- alteração no nível de umidade;
- pouca ventilação.
Vale inclusive destacar que, no transporte marítimo, “a carga a bordo de navios transoceânicos passa por várias zonas climáticas”. Sendo assim, todos os itens listados acima podem, de fato, alcançar níveis extremos. A Apex e o Instituto de Embalagens exemplificam:
“Por exemplo, condições extremas podem ocorrer durante o inverno, quando há temperaturas negativas, ou durante a travessia de regiões de clima tropical, ou ainda durante a passagem de uma zona tropical para uma temperada.”
Se não houver uma boa preparação para isso, “as embalagens (ficam susceptíveis) a sofrerem ataques de insetos, fungos, mofo, bactérias e micro-organismos”. O material de referência apontado explicita que Norma Internacional de Medidas Fitossanitárias (NIMF 15), editada pela Organização das Nações para Agricultura e Alimentação (FAO), exige que as embalagens de madeira, por exemplo, sejam submetidas ao tratamento contra pragas.
A preservação e integridade dos produtos transportados é indispensável por inúmeras razões. As principais, sem dúvidas, são, primeiro, atender às expectativas do comprador, quando se tratam de uma relação comercial B2B. Em segundo lugar, e especialmente no caso de alimentos, bebidas e quaisquer produtos perecíveis, é necessário atender às expectativas do consumidor final, assim como não apresentar nenhum tipo de perigo à sua saúde. A embalagem para exportação também cumpre um papel de conservação após a chegada no destino. Quando o produto é exportado diretamente para as prateleiras de varejo no exterior, por exemplo, precisa ter uma boa janela de “shelf life”, com boa validade e conservação para se manter disponível para compra.
3. Otimizar o uso do espaço
O material de referência ressalta aspectos importantes sobre custos logísticos e de transporte que impactam diretamente na viabilidade do processo de exportação. Os custos de transporte são altos e facilmente impactados por imprevistos, como foi o caso dos impactos do coronavírus.
Por isso, o recomendado é que haja esforços para que as dimensões da embalagem para exportação permitam “o melhor aproveitamento do espaço do caminhão ou do contêiner. Lembrando que é preciso considerar a capacidade de carga do veículo (não adianta aproveitar todo o espaço do contêiner com peso de 35.000 kg se a carga máxima for de 30.000 kg)”.
São ainda, explicitadas três razões importantes de por que se deve preparar um Plano de Estufagem antes de carregar um contêiner:
- alcançar a utilização da capacidade máxima do contêiner;
- simplificar e agilizar a estufagem e a desova;
- calcular previamente os dispositivos de amarração necessários.
4. Permitir um marketing culturalmente adequado
Quando o produto é exportado diretamente para as prateleiras de varejo no exterior, aspectos de marketing também precisam ser levados em consideração. A embalagem para exportação, especialmente a embalagem primária, também vai cumprir o papel de ajudar a garantir a conquista de espaço no mercado e o sucesso das vendas. Afinal, vai precisar adequar-se à cultura e aos hábitos do país de destino sem deixar de transparecer uma boa imagem, de qualidade e confiabilidade, ao Brasil e aos produtos de origem brasileira.
A embalagem estabelece a comunicação com o consumidor final. Sendo assim, o ideal é que:
- esteja impressa no idioma do país em que o produto será comercializado, seguindo todas as regras de rotulagem cabíveis;
- apresente a marca e o produto adequados a aspectos de sonoridade e entendimento em outro país/língua;
- seja coerente com o que já oferecido pelos concorrentes locais;
O conteúdo publicado pela Apex e pelo Instituto de Embalagens exemplifica:
“Se os demais (concorrentes) possuem, por exemplo, um sistema abre-fácil ou zíper para refechamento, ou, para aumentar a praticidade, inserem na embalagem talheres ou outros acessórios para facilitar o consumo on the go (em trânsito), essa é a base para iniciar o desenvolvimento de proposta de embalagem”.
Quais regras recaem sobre a embalagem para exportação?
Normas gerais
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT
- Lei 12.305, de 2010: estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que cuida do gerenciamento de resíduos;
- Lei 9.974, de 2000: aborda questões de embalagem, produção, rotulagem, armazenamento, transporte, comercialização, seja importação ou exportação, destino de resíduos, fiscalização de agrotóxicos, entre outros;
- Lei 9.832, de 1999: proíbe o uso industrial de embalagens metálicas, produzidas com liga de estanho e chumbo, para o acondicionamento de alimentos.
- Lei n. 9.605/1998: determina ações para quem executar atividades prejudiciais ao meio ambiente, incluindo a gestão inadequada de resíduos sólidos;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa
- Resolução RDC n. 20, de 2008: regulamento técnico para embalagens de PET e PET-PCR, quando entram em contato com os alimentos de forma direta;
- Instrução Normativa n. 9, de 2002: especificações para embalagens utilizadas para acondicionar produtos hortícolas in natura;
Conselho Nacional do Meio Ambiente – Conama
- Resolução n. 275, de 2001: determina o uso de código de cores para resíduos diferentes. Essa identificação é usada em coletores, transportes e campanhas informativas a respeito da coleta seletiva.
Rotulagem e certificações
Assim como já apontado, a embalagem de exportação precisa seguir a legislação do país de origem e de destino. A rotulagem é abordada nessas normas. Geralmente, inclui informações básicas como o nome da empresa exportadora e a declaração de origem brasileira, com algumas exceções. Nos casos em que for cabível, também é necessário incluir no rótulo que o produto é destinado exclusivamente para exportação.
É recomendado informar-se sobre os da NBR ISO, que versam sobre programas de rotulagem relacionados a fatores ambientais. A embalagem para exportação, ao apresentar esses selos, pode conquistar valor agregado no caso de produtos embalados com materiais mais alinhados à sustentabilidade, e de produtos com perfil ambiental mais favorável, com maior ciclo de vida:
- NBR ISO 14.024: programas de selo verde com critérios ambientais.
- NBR ISO 14.021: requisitos para auto declarações ambientais de material utilizado em embalagens.
- NBR ISO 14.025: avaliação do ciclo de vida do produto e seu impacto ambiental.
Além disso, embalagens feitas de recursos florestais, como papelão, papel e madeira, precisam ser certificadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e pelo Forest Stewardship Council (FSC), do Programa Brasileiro de Certificação Florestal (PEFC).
Quais os principais tipos de embalagem para exportação?
1. Embalagem primária: Prateleira
É a embalagem que fica em contato direto com o produto e que é disponibilizada à venda no destino. Possui impressa toda a informação necessária para informar, comunicar e atrair consumidores (marca, modelo, validade, fabricação, informações nutricionais, selos, etc.). É usual que seja feita de papelão, plástico, vidro ou metais. São materiais que servem como proteção e selam o produto.
2. Embalagem secundária: unitização
É a embalagem para exportação que une um conjunto de produtos, personalizada para as dimensões da mercadoria a ser transportada. Serve para facilitar o armazenamento temporário, o deslocamento e o transporte da carga. Pode ser dividida em:
2.1. Paletização
É o processo de reunir produtos em pallets (plataformas ou estrados) de madeira utilizando fitas, cintas ou cordas. Visa facilitar o manuseio por empilhadeiras, permitindo a locomoção e organização.
2.2. Conteinerização
É o processo de reunir produtos em containers. Permite a armazenagem de produtos diversos para o transporte independente do modal e é ideal para exportação em larga escala. Oferecem altíssimo nível de proteção e resistência.
2.3. Pré-lingagem
É o processo de envolver a carga em redes, cintas ou alças com o objetivo de movimentar cargas por alceamento.
3. Embalagens terciária e quaternária: transporte
- Terciária: voltadas para acondicionamento e transporte de produtos até o centro de distribuição;
- Quaternária: voltadas para transporte internacional, até o destino final.
Trata-se da embalagem destinada para o deslocamento propriamente dito. Pode ser feita de diversos materiais (plástico, papelão, madeira, vidro, metais, etc). Cumpre, especialmente, o papel de fornecer informações legais, como as características e registros do produto, sua identificação, código barras, dentre outras.
Agora que você está dominando os principais aspectos sobre embalagem para exportação, já sabe o quanto é indispensável fazer uma escolha bem pensada. Um ponto essencial no processo de transporte de cargas que se alia diretamente à escolha de embalagens é, sem dúvidas, o desenvolvimento de uma gestão logística de alta qualidade. Com estratégias, know how e os parceiros certos, a sua empresa pode otimizar o transporte de cargas, reduzir gastos logísticos e, principalmente, potencializar sua lucratividade.
Confira agora essas 3 dicas para uma gestão logística mais efetiva.