O Brasil possui 89 produtos e serviços típicos com proteção e reconhecimento internacional por sua origem. Confira detalhes e tendências para o mercado para exportação de produtos típicos.
O Brasil é um país rico em recursos naturais, os quais representam excelente oportunidade de exportação de produtos típicos. Frutos, grãos, receitas culinárias e trabalhos artesanais de regiões específicas do território nacional estão entre alguns dos 86 itens que receberam proteção e reconhecimento internacional por meio de Indicações Geográficas.
Se você considera ampliar sua produção com foco em inserir um produto típico brasileiro no mercado estrangeiro, tenha em mente que essa pode ser a porta de entrada para uma jornada de sucesso no Comércio Exterior. Por meio da internacionalização de produtos ou até mesmo da própria marca, sua empresa pode atender às demandas de mercado que estão surgindo ao redor do mundo.
Compreenda a seguir alguns detalhes sobre o mercado estrangeiro para produtos típicos. Entenda também o que são as Indicações Geográficas, quais produtos nacionais já possuem essa proteção, e quais são as tendências para a exportação de produtos típicos.
A exportação de produtos típicos atende ao “mercado da saudade”
O “Mercado da saudade” consiste num nicho composto por nativos que moram no exterior e têm interesse em consumir produtos de sua terra natal. Até por esse motivo, é dominado por produtos alimentícios, já que esse costuma ser o setor de consumo em que expatriados sentem maior diferença ao migrar.
No que diz respeito a esse mercado, as riquezas naturais e culturais do Brasil merecem destaque. Para quem visa ampliar os negócios por meio da internacionalização de produtos, mirar o mercado da saudade pode ser uma excelente porta de entrada para fazer negócios com o exterior.
Conhecendo o mercado consumidor do país de destino das exportações, é possível fazer adaptações e atingir, também, consumidores estrangeiros. É o que afirma Igor Brandão, gerente de agronegócio da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos) em artigo sobre o mercado da saudade brasileiro:
“Há uma valorização do produto e da gastronomia brasileira, a forma como a gente usa ingredientes, as receitas. Cada vez mais as empresas participam dos nossos projetos tentando internacionalizar o seu modelo de negócios, conquistar novos mercados. Eventualmente as empresas usam o mercado da saudade como uma porta de entrada – você pode ter certeza de que o brasileiro radicado no exterior é um ótimo garoto-propaganda dos produtos”.
O setor de alimentos típicos apresenta cases de sucesso no exterior
O açaí se destaca nas exportações de produtos típicos do Brasil. Matéria do Comex do Brasil sobre o sucesso de produtos brasileiros na Europa o descreve como “fruto originário de um tipo de palmeira nativa da região amazônica”. Comenta também sobre o case de sucesso da Açaí Concept que, “com menos de três anos de sua chegada na Europa por Portugal, se tornou a maior franquia do produto no mundo. Possui atualmente mais de 600 estabelecimentos entre Brasil, Europa e Estados Unidos”.
Outro case de sucesso é a Bravo Açaí, citada em matéria da Carta Capital sobre o mercado da saudade. A empresa começou a internacionalizar produtos em 2015, fez adaptações e, com as harmonizações aplicadas, “o horizonte de vendas só se amplia. O próximo desafio é se expandir para a Ásia”.
Outra matéria sobre o sucesso dos alimentos típicos brasileiros no exterior comenta sobre os produtos de panificação e confeitaria. Em 2019, esse segmento somou R$ 95 bilhões, segundo a Abip (Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria).
O Brasil bateu recorde de produtos típicos reconhecidos em 2021
Um levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostrou que, em apenas sete meses, o Brasil ganhou 11 novas Indicações Geográficas. Com isso, ultrapassou o recorde de concessões de 2020, ano em que foram registradas 10 IGs. Ao todo, o país conta agora com 86 produtos e serviços protegidos.
As IGs consistem em mecanismos de propriedade intelectual que reconhecem e ajudam a proteger a origem de produtos e serviços. No Brasil, os pedidos de registro de IG são realizados pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). São importantes tanto para os produtores, que têm reconhecimento e valorização garantidos, quanto para os consumidores, que, cada vez mais exigentes, ficam cientes da procedência e autenticidade ao consumirem esses produtos.
Entenda os tipos de IGs existentes:
- Indicação de Procedência (IP): reconhecimento de região notória pela extração ou fabricação de um produto ou prestação de um serviço.
- Denominação de Origem (DO): reconhecimento de região notória pela as características de um produto ou serviço resultam de influência do meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.
Entre os reconhecidos deste ano, estão itens bastante famosos no mercado brasileiro:
- chocolates artesanais de Gramado (RS);
- queijo de Marajó (PA);
- farinha de mandioca de Bragança (PA);
- redes fabricadas em Jaguaruana (CE).
Tendências destacam o café na exportação de produtos típicos
O café merece destaque dentre os produtos típicos brasileiros que receberam IG, já que é o produto com o maior número de proteções de origem do país. Ao todo, 12 territórios nacionais possuem IG sendo que 4 dessas foram concedidas em 2021:
- Denominações de Origem:
- Caparaó – ES/MG
- Montanhas do Espírito Santo – ES
- Matas de Rondônia – RO
- Indicação de Procedência:
- Espírito Santo – ES
Além da soja, o café é outro grão brasileiro que tem se tornado interesse da China, o principal parceiro comercial do Brasil. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), entre 2015 e 2019, as exportações de café para a China cresceram 110%.
O potencial do mercado de café na China incentivou grandes nomes da indústria e do comércio de café a se estabelecerem no país, A Starbucks anunciou plano para construir um parque de inovação de café no Gigante Asiático. Já a Costa Coffee anunciou que lançará linhas de produtos de café prontos para beber.
Como reflexo da transformação da indústria chinesa, várias regiões da China estão atendendo à demanda crescente por café no país. Pan Jiankang, vice-diretor da Zona de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Kunshan, confirmou a aceleração do desenvolvimento de uma cadeia industrial completa que abrange “a distribuição de grãos de café, comércio, torrefação e vendas de marcas de café”.
Com essa leitura, você ficou ciente de aspectos essenciais sobre o mercado para exportação de produtos típicos. É produtor de itens com essa característica e tem interesse em vender para o exterior? Antes de começar a prospectar compradores e realizar as operações de exportação efetivamente, é necessário fazer uma série de regularizações, bem como compreender os trâmites jurídicos, aduaneiros, tributários, logísticos, cambiais, etc.
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