Exportar açaí tem sido o objetivo de muitas empresas brasileiras que atuam com o cultivo e produção da fruta. Trata-se de um dos mais importantes produtos do extrativismo nacional, que tem fortalecido a visibilidade à biodiversidade da Floresta Amazônica. De acordo com dados da Fiepa – Federação das Indústrias do Estado do Pará, os números da exportação de açaí cresceram quase 15.000% nos últimos dez anos.
A fruta ficou muito conhecida pelo mundo devido às suas propriedades antioxidantes, alto
teor energético e também à presença da nomeada “gordura boa”. O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística classificou o Brasil como o maior produtor de açaí e o maior exportador da polpa. É produzida mais de 1.5 milhão de toneladas por ano, tendo esse mercado apresentado uma perspectiva de crescimento de mais de 12% para os próximos cinco anos.
Para empresas que querem investir na exportação de açaí, conhecer esse mercado e suas características é importante para ter sucesso. Neste artigo, você vai saber quais são os principais importadores do açaí brasileiro, as formas de comercialização do produto, como funcionam as normas e exigências de certificados para exportação, além das especificidades para exportar açaí para os EUA, principal comprador do produto brasileiro. Continue a leitura!
Exportação de Açaí: mercado internacional
A globalização do açaí nos últimos anos tem ocorrido principalmente devido à integração de canais de distribuição e manufatura, envolvendo países de todos os continentes. Em geral, o fruto é exportado em forma de polpa e pó, e os países importadores realizam a manufatura ou beneficiamento para que ele seja comercializado.
Nos últimos anos, os Estados Unidos se consolidaram como maior importador do açaí brasileiro. Em 2018, de acordo com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o ranking de exportação de açaí fechou com:
- Estados Unidos: US$ 2.732.004;
- Japão: US$ 913.328;
- Austrália: US$ 762.298;
- Alemanha: US$ 633.190;
- Bélgica: US$ 334.321;
- Cingapura: US$ 292.585;
- França: US$ 232.557;
- China: US$ 190.697;
- Holanda: US$ 190.727;
- Portugal: US$ 178.195.
Dos alimentos processados que contêm açaí e lançados no mercado mundial:
- 22% são sucos;
- 12% bebidas energéticas e esportivas;
- 9% lanches;
- 7% sobremesas e sorvetes,
- 5% na categoria láctea;
- 3% em doces e balas.
Os EUA, além de serem o maior comprador internacional, também são responsáveis pelo lançamento do maior número de produtos com açaí como matéria-prima, com cerca de 30% do total, seguido por Brasil (19%) e Canadá (8%). O consumo de produtos que contêm
açaí por norte-americanos atingiu US$104 milhões nos últimos anos, de acordo com dados da SPINS, empresa de pesquisa de mercado dos EUA.
A exportação de açaí também atende ao “mercado da saudade”
O açaí se destaca nas exportações de produtos típicos do Brasil para atender o chamado “mercado da saudade“. Matéria do Comex do Brasil sobre o sucesso de produtos brasileiros na Europa comenta sobre o case de sucesso da Açaí Concept que, “com menos de três anos de sua chegada na Europa por Portugal, se tornou a maior franquia do produto no mundo”.
Outro case de sucesso é a Bravo Açaí, que começou a internacionalizar produtos em 2015, fez adaptações e, com as harmonizações aplicadas, ampliou o horizonte de vendas e estava se preparando para expandir para a Ásia.
O “Mercado da saudade” consiste num nicho composto por nativos que moram no exterior e têm interesse em consumir produtos de sua terra natal. Até por esse motivo, é dominado por produtos alimentícios, já que esse costuma ser o setor de consumo em que expatriados sentem maior diferença ao migrar.
Exportação de Açaí: formas de comercialização
O açaí é um produto versátil e que pode ser consumido de diversas maneiras, como em sobremesas, sucos e vitaminas, além de utilizado em diversas receitas e como complemento para diversos alimentos. Dentre as principais formas de comercialização do açaí no mundo estão a fruta em purê ou creme, em polpa e em pó. Saiba mais:
Açaí em creme ou purê
É utilizada a polpa da fruta batida com banana, guaraná ou outros componentes que adoçam o alimento, como o mel, por exemplo. O processo faz com ele que adquira uma consistência relativamente pastosa. No contexto do comércio exterior, na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), o creme de açaí é identificado pelo código 2007.99.21.
Açaí em polpa
Trata-se da versão mais natural da fruta. É feita a extração da polpa com adição de água e, em seguida, um processo de filtração para retirar resíduos sólidos. O aspecto é denso e, em um primeiro momento, não apresenta o sabor adocicado, já que não é acrescentado o açúcar. No comércio exterior, é identificada por meio do NCM 0811.90.00.
Pó de açaí
Nesse caso, a fruta é desidratada e utilizada em receitas por ser considerada uma grande fonte de vitaminas e minerais. Por não haver adição de açúcar é necessária uma preparação para o consumo. O açaí faz parte da categoria de exportações de complementos alimentares, sendo definido pelo NCM 2106.90.30.
Exportação de Açaí: normas e certificações
Para exportar açaí, o produtor brasileiro precisa estar atento às regras e certificações necessárias, mas, desde já, é importante ressaltar que as maiores burocracias do processo são exigências do país de destino, e não das etapas que os produtores brasileiros precisam cumprir para a exportação.
De maneira geral, o Ministério da Agricultura e Pecuária – MAPA não atua sobre a classificação e certificação de produto vegetal destinado à exportação ou de registro de estabelecimento exportador, com exceção dos casos de exigência do país importador.
Sendo assim, apenas quando houver comunicação oficial do país importador contendo essa exigência de certificação ou registro prévio é que o MAPA disponibiliza a habilitação específica para o registro de exportador no CGC/MAPA.
Para os casos de exigência de controle e certificação do país importador, a Coordenação-Geral de Qualidade Vegetal (CGQV) do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (DIPOV) promove e acompanha atividades de fiscalização e inspeção higiênico-sanitária e tecnológica de produtos vegetais in natura, processados ou industrializados, e seus derivados. São medidas que garantem a qualidade e segurança dos produtos de origem vegetal e seus derivados produzidos no Brasil.
Exportação de Açaí para os Estados Unidos
O estado do Pará é responsável por 95% da produção do açaí no Brasil, tendo produzido 1 milhão e 440 mil toneladas, em 2018. O Amazonas ocupa a segunda colocação, com cerca de 111 mil toneladas do fruto.
Do total de polpa de açaí produzida no Pará, 60% ficam no próprio estado, 35% seguem para outras regiões do país, enquanto o mercado internacional compra 5% da produção, sendo os Estados Unidos o maior comprador (40%).
Qualquer alimento que entre em território americano deve obedecer a todos os requisitos, critérios e regras do país, passando pela especificação dos componentes, rotulagem adequada para comercialização, a fim de evitar problemas fiscais que possam ocorrer durante o processo de exportação de açaí.
Assim, é fundamental conhecer as etapas e exigências para exportação de alimentos para os EUA, como é o caso da obrigatoriedade de Registro no FDA e da emissão da Certidão de Venda Livre para Exportação de Alimentos (CVLEA), por meio do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), responsável pelo licenciamento do estabelecimento fabricante do alimento que será exportado.
A exportação da polpa de açaí para os EUA pode ser feita em tambores, para que o produto seja fracionado e embalado diretamente nos Estados Unidos. Para isso, deve-se contar com uma estrutura, certificada pelo FDA, com capacidade de armazenamento refrigerado. Esse modelo de negócio possibilita otimização dos custos logísticos e de operação, além de trazer segurança aos consumidores americanos.
A contratação de uma unidade de processamento dentro dos EUA deve assegurar o enquadramento às regras de Segurança Alimentar do FDA. Uma vez fracionada, a carga rapidamente pode ser distribuída para os pontos de venda.
Registro no FDA
Para que as empresas brasileiras possam conquistar novos mercados em solo americano, uma série de cuidados devem ser tomados, atentando-se às exigências do órgão de controle federal, o FDA – Food and Drug Administration, que atua de forma similar à Anvisa no Brasil.
O FDA é responsável pela regulamentação dos alimentos e de outras categorias de produtos que possam representar risco à saúde dos consumidores americanos. Fazer o registro no FDA é essencial para a exportação de alimentos aos EUA – ou seja, exportadores de açaí precisam conhecer o processo. Dentre as exigências do FDA, está a adaptação do rótulo do produto para comercialização.
Além dos produtos, fabricantes também precisam se registrar, assim como fazer a notificação prévia de embarque dos alimentos. Dessa forma, os exportadores estrangeiros precisam:
- Fazer o registro dos produtos alimentícios no FDA;
- Realizar um cadastro prévio no órgão, de acordo com a Lei de Bioterrorismo dos EUA;
- Enviar um aviso prévio ao país notificando o embarque de alimentos com destino ao seu território.
Além disso, o FDA também exige que importadores americanos utilizem o FSVP – Foreign Supplier Verification Program para o processo de verificação dos exportadores estrangeiros.
Conte com o Grupo Serpa nos projetos de exportação de açaí
A internacionalização de empresas é uma excelente alternativa para quem busca ascensão no mercado e ampliação da presença global. Esse é um investimento na capilaridade empresarial, o que torna o negócio menos suscetível a oscilações e crises internas.
Se você é produtor de açaí e deseja investir na exportação e comercialização internacional do produto, é importante contar com parceiros de negócio que conheçam o funcionamento e as etapas do processo, principalmente se o mercado de interesse for os Estados Unidos, principal importador do açaí brasileiro.
O Grupo Serpa oferece serviços para atender suas demandas de exportação de açaí, para os EUA ou qualquer outro país.
Nossas soluções englobam tudo o que é necessário para um projeto de exportação, de ponta a ponta, como:
- Estudo de viabilidade de exportação;
- Consultoria Aduaneira e Tributária;
- Desembaraço Aduaneiro;
- Logística Internacional;
- Seguro Internacional de Cargas;
- Abertura de empresas e registro de marcas e patentes;
- Registros FDA, TSA, dentre outros.
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