Como exportar café? Principais passos da produção ao envio

2022-01-31T11:08:33-03:0031 de janeiro de 2022|Artigos sobre Exportação|
Tempo de leitura: 6 minutos

Saiba como exportar café de acordo com as normas do MAPA e SIPEAGRO. Veja também dicas para estabelecer um processo de produção e armazenagem efetivos, confiáveis aos olhos dos importadores estrangeiros.

É produtor de café e quer saber como exportar café para o exterior, mas ainda não sabe por onde começar? Existem diversos fatores – comerciais e legais – a serem levados em consideração ao considerar realizar exportações, mas, de qualquer forma, os dados comprovam que pode se tratar de uma aposta lucrativa de expansão.

Em 2021, o Brasil exportou o equivalente a mais de USD $1 bilhão somente para os EUA, assim como para a Alemanha, de café in natura. Além disso, exportou mais de USD $ 400 milhões para Bélgica, Itália e Japão. Os dados da exportação geral no período são do Comex Stat.

Veja a seguir quais são os primeiros passos sobre como exportar café. Confira dicas para aprimorar o processo de produção, estabelecer os detalhes da operação de exportação e garantir sua viabilidade.

1. Definir se a exportação de café será Direta ou Indireta

Um dos principais temas para se ter em mente ao pensar em como exportar café é o formato da operação. Há a possibilidade de realizar a exportação de forma direta para o importador estrangeiro, com a sua marca. Neste caso, você tem maior autonomia para desenvolver estratégias comerciais e realizar negociações com parceiros de negócio estrangeiros. Entretanto, também precisa lidar com todas as responsabilidades da exportação, como os aspectos aduaneiros, a logística e o frete internacional. Por isso, trata-se de uma modalidade que requer o desenvolvimento de know how em comércio exterior, além de conhecimento sobre o país de destino da mercadoria. 

No caso da exportação de café, há produtores de café que vendem café in natura para torrefadores locais. Estes, por sua vez, são quem fazem o processo de moagem, torragem, resfriamento e, em seguida, fazem a exportação direta para o importador estrangeiro. Há ainda torrefadores estrangeiros que podem se interessar por importar café in natura.

Outra opção é vender o café torrado de maneira indireta. Ou seja, contando com uma empresa intermediária, já especializada e experiente em operações de comércio exterior, para assumir as responsabilidades sobre a operação de exportação. Uma das mais comuns são as tradings, que  planejam e executam a operação de exportação.

2. Adequar os processos à exportação de café

Produção

Os processos de fertilização, colheita, despolpação, fermentação, lavagem e secagem, que fazem parte da produção de café, sem dúvidas contam bastante com o know how do produtor. Como exportar café envolve o envio de grandes volumes, o desafio será padronizar o produto. Afinal, o café é colhido em porções separadas. Sendo assim, é necessário reunir todos os lotes para, depois, finalizar os procedimentos necessários logo antes do envio ao exterior.

Armazenamento 

Depois que todo o processo produtivo é feito, o café precisa ser armazenado de forma correta até o envio ao exterior. É preciso ter em mente que o tempo que esse produto vai ficar armazenado até a chegada no destino é bastante variável e, principalmente, que pode se estender por um longo período. Afinal, podem ocorrer imprevistos de logística, durante o transporte da carga, na alfândega, durante o despacho aduaneiro de exportação, etc.

Más condições de armazenamento podem prejudicar a qualidade do café, alterar seu sabor e levar a problemas com o importador. Por isso, na armazenagem, é preciso redobrar os cuidados em relação a: 

  • temperatura;
  • umidade;
  • nível de oxigênio;
  • incisão de luz.

Embalagem

De acordo com material do SEBRAE sobre procedimentos para exportar café, o café in natura (café verde) costuma ser armazenado em sacaria de juta, que é menos onerosa, mas não oferece o maior nível de proteção. 

Já no caso do café torrado ou torrado e moído, o indicado é utilizar embalagens melhor elaboradas porque se tratam de produtos bastante sensíveis aos fatores de risco citados. Embalagens de filmes metalizados e laminados com empacotamento a vácuo são o mais comumente utilizados neste caso.

Rotulagem 

O material do SEBRAE também explica que a rotulagem do café nas exportações é específica e se diferencia, tendo que indicar, adicionalmente:

  • In natura (café verde): o tipo, a classe e a subclasse do produto indicados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) após análise de amostra.
  • Industrializado (café torrado, ou torrado e moído): indicar a legislação reguladora de aditivos que o fabricante utiliza, assim como a adequação da quantidade utilizada.

3. Compreender regulamentos nacionais e estrangeiros para exportação

O material do SEBRAE esclarece os principais procedimentos de registro a serem realizados por quem está se informando sobre como exportar café. Será necessário registrar:

  1. o estabelecimento produtor de café e seus subprodutos no MAPA;
  2. o café em si, enquanto produto no SIPEAGRO – Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuário;
  3. a marca do Café no INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial;
  4. a empresa no RADAR – Registro no Sistema de Rastreamento da Atuação dos Intervenientes Aduaneiros e no SISCOMEX – Sistema Integrado de Comércio Exterior.

Estas são apenas algumas das principais exigências nacionais. Quanto às exigências do país de destino, é necessário consultar as informações oficiais do governo federal. É recomendável se atentar, especialmente, àquelas relativas a exigências sobre o uso de agrotóxicos e outras condições de cultivo. 

Outro aspecto legal que você precisará compreender são os Incoterms, um conjunto de regras definidas pela Câmara Internacional do Comércio e que padronizam os termos combinados entre empresas ao fechar um contrato de operações de comércio exterior. A modalidade de Incoterm é o que vai determinar o nível de responsabilidade do produtor, do exportador e do importador durante a operação de exportação.

4. Buscar compradores de café internacionais

Fora requisitos legais ou regulamentares, é uma boa ideia acompanhar as exigências mais abstratas estabelecidas pelo mercado. O consumo do café atualmente é bastante atrelado à história de sua produção. Quanto mais orgânico e comprovadamente cultivado em condições sustentáveis, maior pode ser o valor agregado ao produto. Certificações e prêmios nacionais e internacionais dedicados a café também colaboram para esse fator. 

Na prática, para se conectar com compradores no exterior, alguns caminhos podem ser seguidos. Por exemplo, participar de feiras com rodadas de negócios no Brasil e no mundo, bem como de plataformas focadas em comércio internacional B2B. Também é indicado buscar apoio de Associações e Federações de Comércio e Indústria, Câmaras Bilaterais de Comércio e Indústria.

Será necessário providenciar material promocional completo para apresentar o produto e dar continuidade a possíveis negociações. Um item importante sobre como exportar café são as amostras.

5. Analisar a viabilidade das operações de exportação de café

A viabilidade da exportação depende de uma série de fatores. Um deles, sem dúvidas, é a definição da exportação como direta ou indireta, como esclarecido no início deste artigo. Isso irá ditar diversos aspectos básicos da operação. Fora isso, os custos envolvidos podem envolver:

  • custos logísticos;
  • frete internacional;
  • seguro de transporte;
  • tributos;
  • tratamento aduaneiro;
  • câmbio.

Estatísticas de mercado e análise da concorrência também são essenciais para medir o quanto a operação é vantajosa ou não em termos de competitividade do produto no mercado. É essencial também avaliar as condições de pagamento. Normalmente, pelo menos nos primeiros embarques, o importador faz o pagamento antecipado à venda. 

Uma excelente dica é contar com o apoio de uma consultoria especializada em comércio exterior para assessorar em todas as etapas do processo e garantir o cenário mais favorável.

 

Agora que você absorveu esse panorama geral sobre como exportar café, é importante continuar se informando sobre os detalhes do processo de exportação. Mesmo que ela for ocorre de maneira indireta, com intermediários, compreender os procedimentos envolvidos é essencial para que o produtor de café aprimore e adeque seu processo produtivo.

Confira agora um passo a passo para exportação.

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